segunda-feira, 4 de abril de 2011

O que eu também não entendo...

Não, eu não entendo! Mas tento... e não, não consigo!
Por que temos a dificuldade em aceitar o diferente (esse diferente inclui tudo aquilo que não considero bom a partir dos meus próprios julgamentos)?
Não, me desculpe, mas não consigo entender. Um problema do indivíduo contemporâneo? Uma centralização, um volteio sobre si mesmo? Um olhar refletido no pequeno espelho do banheiro?  
Tentamos incessantemente nos firmar socialmente, para isso não buscamos a homogeneidade, somos assim guiados pela perseguição ao diferente. Precisamos ser vistos. Admirados.  Existem pessoas que buscam se destacar profissionalmente, terem a diferença. Outras, buscam o segredo da arte, a dominação do verbo, da escrita, e se dizem poetas, algumas entram em reality show, outras mostram, estampam sobre a pele, cantam, berram sua diferença. Enfim, de alguma forma, todos nós perseguimos “o estar diferente”.
E, entretanto, recusamos, repelimos, nos sentimos enojados justamente pela diferença do outro. Sentimos na nossa boca o asco de ter engolir a diferença alheia.
Somos, então, diferentes ou iguais? Recusamos o outro por ser diferente daquilo que consideramos padrão ou por ele ter a diferença (e, talvez, a coragem de assumi-la ) que buscamos? Ainda existem aqueles que omitem a própria diferença, são intolerantes a si (contraditório? depressivo? suicida?). O que é aceitável? O que é homogeneidade e heterogeneidade?  Não podemos aceitar qual diferença mesmo? A própria?
Somos violentos. Preconceituosos. Omissos. Apontamos como aberração a diferença alheia. Cortamos o direito de gritar, cortamos o pulso do diferente e o sangue escorre pela nossa face. Estamos todos sujos, a intolerância à diferença do outro nos marcou. Caímos no abismo da ignorância e do retrocesso cultural. 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Uma postagem atrasada!

27/12/2010 - 08h19
Não dá para obrigar mulher a ter filho, diz nova ministra
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DE SÃO PAULO
"Não vejo como obrigar alguém a ter um filho que ela não se sente em condições de ter. Ninguém defende o aborto, é respeitar uma decisão que, individualmente, a mulher venha a tomar." Essa é a posição pessoal declarada pela atual deputada federal pelo PT do Espírito Santo e futura ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, 54.




Só um comentário: é verdade ministra? Noooossa... eu não sabia! Alguém sabia que não somos obrigadas a ter filhos?

                Lógico que entendemos e lemos na íntegra a matéria da Folha, mas essa declaração da ministra foi... novidade, né?! Principalmente se levarmos em consideração o público deste jornal...

Eu não gosto de Chico

Pasmem... eu não gosto de Chico! E não tive nem a minha cultura e nem a minha intelectualidade diminuídas! (Coro: Noooossa!) O pior de tudo é que isso é verdade, eu não gosto de Chico! Gente, mas Chico foi “o cara”!!! Mas eu não gosto das músicas dele! Admiro toda sua história de luta, admiro como pessoa. Prefiro uma música caipira de raiz, só isso!
Em minhas observações pessoais (rs) vejo a quantidade de gente que diz gostar de uma tipo de música ou de um livro ou autor só para parecer mais culto. Gente pode relaxar! Curtam a vibe do momento, conheçam e se permitam gostar de umas boas porcarias algumas vezes, conheçam o lado “desintelectualizado” da sociedade, isso só fortalece o nosso conhecimento, aumenta nossa capacidade crítica e refina o nosso gosto.
Uma vez (isso não faz muito tempo) uma jovem mãe (e meio radical) me disse que seu filho de três anos só escuta MPB. Eu na minha indiscrição perguntei logo quais músicos da MPB ele escuta. A resposta foi a pior possível: Dorival Caymmi, Gal, Milton e, lógico que ele não iria faltar, Chico. Coitada dessa criança. Essa mãe sem perceber criava um pseudo-intelectualzinho. Se nem na infância podemos curtir sem preconceito uma boa música da moda, quando faremos isso? E essa criança não tinha tido o contato com ele mesmo, não sabia que ele podia escolher o que gostar ou não, só conhecia um lado. Ele não podia dançar e pular com aquelas músicas. É a mesma coisa de ter a festa de um ano de idade e não poder comer doce. E a mãe, como sempre, diz: Ele não gosta! Não sente vontade! ­– lógico o coitado nunca comeu!
Acho que o meu não gostar de Chico vai além do gosto pela sua música, entra numa birra ferrenha com os novos tipos de admiradores formados nesse processo de intelectualização da elite da sociedade brasileira. Essa elite sem perceber aceita as obras canonizadas e premiadas por um grupo de pessoas que nem conhecemos. Aceita o que dizem que é culto e bonito e aceita também o que a maioria dos novos intelectuais aceitam (e na verdade ninguém entende nada das obras que tanto cultuam – se podemos chamar “obras” algumas desses títulos).
Prefiro ser uma conhecedora e não gostar do que uma admiradora submissa e vendada pela crítica e pela elite que se diz intelectual. Não preciso gostar de uma música, um livro ou um programa de TV para ser inteligente e culta. Para essa elite intelectual deixo o meu pedido de desculpas, no fundo vocês são boa gente, vocês pelo menos tentam.

Só para esclarecer: eu gosto muito de Milton... e da boa música brasileira! Do que será mesmo que eu não gosto?