sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Eu não gosto de Chico

Pasmem... eu não gosto de Chico! E não tive nem a minha cultura e nem a minha intelectualidade diminuídas! (Coro: Noooossa!) O pior de tudo é que isso é verdade, eu não gosto de Chico! Gente, mas Chico foi “o cara”!!! Mas eu não gosto das músicas dele! Admiro toda sua história de luta, admiro como pessoa. Prefiro uma música caipira de raiz, só isso!
Em minhas observações pessoais (rs) vejo a quantidade de gente que diz gostar de uma tipo de música ou de um livro ou autor só para parecer mais culto. Gente pode relaxar! Curtam a vibe do momento, conheçam e se permitam gostar de umas boas porcarias algumas vezes, conheçam o lado “desintelectualizado” da sociedade, isso só fortalece o nosso conhecimento, aumenta nossa capacidade crítica e refina o nosso gosto.
Uma vez (isso não faz muito tempo) uma jovem mãe (e meio radical) me disse que seu filho de três anos só escuta MPB. Eu na minha indiscrição perguntei logo quais músicos da MPB ele escuta. A resposta foi a pior possível: Dorival Caymmi, Gal, Milton e, lógico que ele não iria faltar, Chico. Coitada dessa criança. Essa mãe sem perceber criava um pseudo-intelectualzinho. Se nem na infância podemos curtir sem preconceito uma boa música da moda, quando faremos isso? E essa criança não tinha tido o contato com ele mesmo, não sabia que ele podia escolher o que gostar ou não, só conhecia um lado. Ele não podia dançar e pular com aquelas músicas. É a mesma coisa de ter a festa de um ano de idade e não poder comer doce. E a mãe, como sempre, diz: Ele não gosta! Não sente vontade! ­– lógico o coitado nunca comeu!
Acho que o meu não gostar de Chico vai além do gosto pela sua música, entra numa birra ferrenha com os novos tipos de admiradores formados nesse processo de intelectualização da elite da sociedade brasileira. Essa elite sem perceber aceita as obras canonizadas e premiadas por um grupo de pessoas que nem conhecemos. Aceita o que dizem que é culto e bonito e aceita também o que a maioria dos novos intelectuais aceitam (e na verdade ninguém entende nada das obras que tanto cultuam – se podemos chamar “obras” algumas desses títulos).
Prefiro ser uma conhecedora e não gostar do que uma admiradora submissa e vendada pela crítica e pela elite que se diz intelectual. Não preciso gostar de uma música, um livro ou um programa de TV para ser inteligente e culta. Para essa elite intelectual deixo o meu pedido de desculpas, no fundo vocês são boa gente, vocês pelo menos tentam.

Só para esclarecer: eu gosto muito de Milton... e da boa música brasileira! Do que será mesmo que eu não gosto?

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